Coordenadores da FASUBRA, que estão no plantão em Brasília acompanharam, na terça-feira (2), audiência pública na Comissão de Educação, na Câmara dos Deputados, que discutiu os cortes orçamentários nas Instituições Federais. Diversos representantes dos setores da Educação estavam presentes no encontro.
Integrantes do governo voltaram a falar sobre contingenciamento (e não corte), disseram que mantêm o corte de 30% e reforçaram o tom gerencial de captar parcerias público-privadas. Afirmaram ainda que as universidades devem ser autossustentáveis. “A ideia é buscarmos incentivos para captar recursos para que possamos ajudar nossas universidades, além do que o MEC coloca nas universidades”, afirmou Wagner Vilas Boas, da Rede de Instituições Federais da Educação -SESU/MEC.
Esta é uma visão completamente inversa à das entidades da Educação. A FASUBRA Sindical defende uma educação financiada pelo estado, socialmente referenciada, gratuita, inclusiva, laica e democrática.
O coordenador-geral da FASUBRA, Antonio Alves Neto, fez uso da palavra destacando que nenhum segmento das universidades que constroem a educação pública do país foi consultado sobre os cortes: os docentes, os técnicos-administrativos(as) e, muito menos, os gestores das universidades. O representante da FASUBRA criticou a apresentação feita pelo governo federal e disse que ficou claro que desconhecem por completo o papel que as universidades desenvolvem nesse país.
Reinaldo Centoducatte, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) apresentou uma radiografia das Instituições Federais de Ensino e diversos dados referentes a realidade das 63 universidades existentes. “No período de 2003 a 2017, nós temos um crescimento em torno de 260% do número de vagas ofertadas nas universidades. Um trabalho muito importante para contribuir para que o país possa dar um salto em desenvolvimento”, afirmou.
Conforme Centoducatte, 70,2% dos estudantes a renda familiar per capita é de até 1 salário mínimo e meio. “Qualquer sugestão de cobrar mensalidade nas universidades federais está fora de cogitação porque a maioria das famílias não terão condições de pagar”, destacou.
O presidente da Andifes disse ainda, entre outros dados apresentados, que a maioria dos estudantes das universidades federais são os primeiros membros da família que entraram no curso superior, ou seja, os pais tinham até ensino médio. “Isso é uma mudança no futuro desse país. Esse é o principal fator de mobilidade social, de ascensão social. A educação e as universidades federais estão cumprindo esse papel”, analisou.
Participaram ainda do debate, Luciene Fernandes, vice-presidente da Federação de Sind. de Prof. de IFs e Ensino Básico Técnico e Tecnológico – PROIFES; Flávia Calé, presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos – ANPG; Weber Tavares da Silva Júnior, da Diretoria de Desenvolvimento da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica – SETEC/ MEC; Jerônimo Rodrigues da Silva, presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educ. Prof., Cient. e Tecnológica – CONIF; e Antonio Gonçalves Filho, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES.