Pelo menos dois concursos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) são alvos de suspeitas de ‘facilitações’ e podem ter sido feitos apenas para contratar indicados políticos. Parentes de assessores e até genro da reitora da instituição, Célia Maria Silva Correa Oliveira, foram aprovados em seleções realizadas em 2012, conforme denúncias recebidas pelo Midiamax.
A suspeita recai sobre dois concursos, ambos do ano passado, um para contratação de servidores administrativos e outro para médicos do HU (Hospital Universitário).
Aberto para a contratação de 40 assistentes administrativos, o primeiro concurso suspeito tem, em sua lista de aprovados, estranhas ligações. A primeira colocada na seleção, com 94 pontos, Dalva Maciel Correa era prestadora de serviços à UFMS e irmã da assessora da reitora, Jaqueline Maciel Correa.
Com a mesma pontuação, o segundo colocado do concurso foi Brayan Correa de Campos, filho de Jaqueline Correa. De acordo com denúncia realizada no MPF (Ministério Público Federal), Brayan trabalharia na gráfica da UFMS, que emitiu as provas, e teria acesso ao material. Na época, o local não contava com videomonitoramento.
Outros aprovados também causam estranheza para quem acompanhou o concurso. Antonio Lopes de Oliveira, sétimo colocado com 92 pontos, era prestador de serviços há mais de dez anos, vinculado à Propp (Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação).
Pouco abaixo na lista de aprovados, em 14º lugar, aparece o nome de Alexandre Moreira do Carmo Lewergger, genro da reitora da UFMS, ainda conforme denúncia recebida pelo Midiamax. Alexandre foi lotado no campus de Coxim mas, mesmo estando em estágio probatório, foi transferido para a capital.
Outro genro de Célia, Ernani Broering Luz também passou no concurso 2012 na universidade da sogra reitora. Ele tomou posse no final do ano em, em seguida, foi para a cidade de Natal, passar férias com Célia Maria e demais membros da família. Ernani também ganhou cargo de confiança no departamento de Cultura da UFMS.
Na lista ainda aparece o nome de Samella Valle dos Santos, esposa de Brayan, que obteve 82 pontos. A relação entre a família de Jaqueline Correa e a reitora Célia Maria, conforme denúncia, é de extrema proximidade. Quando a reitora, que ainda atuava no campus de Três Lagoas, veio para Campo Grande assumir o cargo, ela ficou hospedada na casa da assessora.
“Não duvidamos da capacidade dos aprovados, mas estranhamos as ligações de cada um, e também sabemos do pouco preparo deles”, comentou um servidor da UFMS, que preferiu não se identificar.
A denúncia foi encaminhada para o procurador do MPF Felipe Fritz Braga, mas nenhuma investigação foi aberta.
No HU
Seleção para contratação de médicos do HU virou alvo da Operação Sangue Frio, da Polícia Federal. Conforme escutas reveladas na manhã desta sexta-feira (19) no programa Bom Dia MS, da TV Morena, o concurso seria controlado pelo então diretor-geral do hospital, José Carlos Dorsa.
Nas escutas, Dorsa pede para ver a lista de aprovados, para não ser ‘ludibriado’. O então diretor também foi responsável para ligar para os médicos, pedindo que eles passassem no GRH (Gerenciamento de Humanos).
Dentre os médicos contratados na seleção, três eram funcionários da Cardiomed, clínica particular de Dorsa, inclusive o médico Ronaldo Queiroz Perches, então diretor do Hospital Regional de Campo Grande, dispensado do cargo após a exoneração da secretária Estadual de Saúde Beatriz Dobashi.
Divulgação |
|
|
Dorsa ainda reclama, sem saber que estava sendo gravado, que “arranja emprego para todo mundo ganhar (R$) 15mil, 20 mil e 30 mil”, mas que não estaria sendo ajudado o suficiente.
(Fonte: midiamax.com.br)