Nesta quinta-feira, 25/04, a FASUBRA promoveu o Seminário Nacional "Os avanços no combate à desigualdade racial". O objetivo dessa ação da FASUBRA é construir um encontro nacional para discussão de políticas sobre a questão racial brasileira. A palestrante convidada foi Tatiana Dias Silva, coordenadora de Igualdade Racial e técnica de Planejamento e Pesquisa do IPEA.
O Seminário teve início às 9h30 da manhã, com a falação dos coordenadores da FASUBRA, que pontuaram a importância de se discutir a questão racial no Brasil: "Não só historicamente, mas atualmente, os negros são excluídos da sociedade. Eles têm direitos, mas não são cumpridos. Deve-se estabelecer debates e metas para que haja uma redução da desigualdade social. E esse foi o objetivo da FASUBRA ao organizar esse Seminário". Após a apresentação da diretoria da Federação, os mediadores do debate, Charles Brasil e Sônia Baldez, coordenadores de Raça e Etnia da FASUBRA, mostraram o vídeo Racism Doll (disponível no YouTube), dos Estados Unidos, sobre racismo. Logo após, foi passada a palavra para Tatiana.
A coordenadora de Igualdade Racial do IPEA apresentou dados alarmantes no que tange a educação fundamental, média e superior da população negra brasileira da última década - 1999 a 2009. Os dados mostram como, por exemplo, houve redução da taxa de analfabetismo. "É possível verificar a redução do analfabetismo na última década, um pouco superior à registrada para a população branca. Se em 1999 a taxa de analfabetismo entre os negros equivalia a 2,38 vezes à taxa da população branca, em dez anos esta diferença experimentou um pequeno decréscimo (2,27). De fato, a taxa relativa à população negra em 2009 era superior àquela correspondente à população branca no início da década de 1990 (10,6% em 1992)", afirmou Tatiana.
Ainda de acordo com Tatiana, mais do que facilitar a entrada de negros nas universidades federais, é necessário valorizar os aspectos que foram negligenciados da matriz África, desde o âmbito familiar e de educação básica: "O ensino da cultura africana é necessário para que se entenda a origem negra no Brasil. Deve haver um estabelecimento de metas para forçar a máquina pública a fim de reduzir a desigualdade racial".
Em seguida, foi aberto as inscrições para o debate. Os membros presentes se manifestaram e pontuaram o que consideram importante para se estabelecer um debate robusto sobre questão racial. Os pontos mais citados foram: saúde e educação na população negra; trabalho de ensino às crianças; e o papel da mídia na questão de raça.
A tônica do debate foi de que os avanços foram tímidos e que a dívida com a comunidade negra ainda é muito grande. “Não é porque se estabelece um sistema de cotas para negros, que o problema do acesso está resolvido. É necessário uma política de assistência estudantil para que os cotistas possam permanecer na universidade até a sua formação”, disse um participante. O combate ao preconceito na formação de professores foi muito citado como um ponto fundamental. Foi colocada a necessidade de combater o racismo junto às crianças para que elas possam crescer como elementos transformadores da sociedade racista em que vivem.
A violência do Estado contra os jovens negros foi um dos pontos mais criticados no debate. “qual foi o avanço que conquistamos? Quando você vê um filho seu sendo espancado pela Polícia porque é negro, você percebe que não houve avanço nenhum”, afirmou um dos militantes do movimento negro na FASUBRA.
O Seminário aconteceu na sala de reuniões do SINTFUB e contou com a presença dos dirigentes Janine, Luiz Antônio, Sônia, Charles, Diego, Angela, Edson, Antonieta, Noelma, Rildo, Ivanilda, Rosângela, Gibran, Ronaldo, Paulo Vaz, JP, Rolando, Neusa e Paulo Henrique, além de 80 participantes representando 18 entidades de base, listadas a seguir:
SINTUFEJUF, SINDIFES, ASSUFSM, SINTUFRJ, SINTUFF, ASUNIRIO, SINTFUB, SINDITIFES, SINTUR-RJ, SISTA-MS, ASSUFRGS, SINTES-AC, ASUFPEL, SINTUPERJ, SINT-IFESgo, SINTUF-MT, CUT-MG.
(Fonte: Fasubra)