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Manter a trajetória dos ganhos reais dos últimos anos para os trabalhadores é um dos desafios para os sindicatos[/caption]
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) realizou a 12º Jornada Nacional de Debates para discutir o tema
“Desafios da Negociação Coletiva em Cenário de Crise” na tarde do dia 5 de maio. O evento aconteceu na sede da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar), em Brasília-DF. Representou a FASUBRA o coordenador José Carlos Assis.
A mesa de abertura afirmou a importância do evento, que busca disponibilizar informações que podem subsidiar a luta dos sindicatos em negociações coletivas, diante do atual cenário de crise política e econômica brasileira.
Balanço das negociações dos reajustes salariasDe acordo com Max Leno de Almeida, supervisor técnico do Dieese, os índices de reajuste baseados na inflação de 2015 apresentaram diferentes resultados, devido à oscilação da inflação, que fechou o ano acima de 10%. Segundo o balanço, cerca de 52% dos reajustes salariais apresentaram ganhos acima da inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC/Dieese). O aumento real médio em 2015 foi de 0,23%.
Almeida disse que devido à mudança de patamar inflacionário, desde janeiro de 2015 também houve o parcelamento dos reajustes, reajustes escalonados e abonos salariais - geralmente são abonos fixos repassados para o salário dos trabalhadores.
A pesquisa revelou ainda que, em 2015, o setor de serviços recebeu reajuste acima da média, e que “este é o setor que mais tem crescido nos últimos anos”, segundo Almeida. Também destacou o setor de vigilância que recebeu índices acima da inflação; já o comércio sofreu queda do reajuste.
Segundo a pesquisa, foram realizados 95 acordos coletivos e 613 convenções coletivas em 2015.
Desafios e reflexõesAlmeida apresentou os principais desafios para a classe trabalhadora nas negociações de 2016 como: a diferença do impacto nos seguimentos em todas as negociações coletivas; a capacidade de mobilização dos trabalhadores; o aumento da intransigência patronal para atender o pleito dos trabalhadores; como manter a trajetória dos ganhos reais dos últimos anos e a busca de alternativas ao aumento real (avançar no salário direto, benefícios Vale Alimentação, Vale Refeição, Cesta Básica e outros).
Conjuntura EconômicaThiago Oliveira, economista do Dieese apresentou a conjuntura econômica com foco no mercado de trabalho. “Vivemos uma crise econômica acentuada nos últimos anos e há diversas interpretações sobre as causas da crise e várias interpretações sobre as soluções”.
Interpretação das análisesPara Oliveira, um grupo de economistas culpa o excesso de intervenção do estado na economia, alguns culpam a Constituição Federal que prevê direitos e políticas sociais e outros culpam o ajuste fiscal praticado pelo governo a partir de 2014. Na opinião do economista, “nem uma coisa, nem outra é culpada”.
De acordo com Oliveira, a partir de 2014 a economia brasileira seguiu “na banguela”, após a recuperação intensa da crise mundial de 2008. Segundo o economista, a economia brasileira em 2014 se diferencia da economia mundial, “não há explicação fácil, são diversas causas para entender”. Uma delas está ligada à economia chinesa e mundial, principalmente com o aumento das commodities (soja, milho, leite e etc.). Após a desaceleração do seu crescimento, a China chega a ter o PIB de6,7%.“Há também um componente externo que explica parte do encolhimento da economia brasileira”.
CausasPara Oliveira, a economia de recursos que o governo utiliza para pagar as dívidas, a ampliação das taxas de juros, as políticas fiscais e monetárias restritivas, crises hídrica e energética, questões climáticas adversas que comprometeram a agricultura, o acirramento político como fator preponderante e a Operação Lava Jato, são uma série de fatores que se somam desde 2011.
O aumento dos juros acompanhou o aumento da inflação, causado pelo ajuste fiscal de 2014. O reajuste de preços administrativos de uma só vez causou importante sobre a inflação. “As taxas de juros extremamente elevadas não conseguem diminuir a inflação”, afirmou o economista.
De acordo com o palestrante, “com o aprofundamento da recessão há um afrouxamento da inflação, a estimativa é que em 2016 a inflação feche em 7 %”. A desaceleração econômica, segundo Oliveira, vem desde 2013, mas a partir de 2015 a taxa de desemprego sofreu uma alta de 9,5%.
(Fonte: Fasubra)