De 14 a 18 de junho aconteceu o 55º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte-MG. A FASUBRA Sindical representada pela coordenadora Leia Oliveira, participou da mesa de debates “A ocupação dos espaços públicos e a cultura na universidade”, junto a Alê Youssef, presidente da Associação Cultural Acadêmicos do Baixo Augusta, Flávio Renegado, músico e Ivana Bentes professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A Federação apresentou o olhar do técnico-administrativo em educação, que participa da comunidade universitária e vivencia no cotidiano a forma em que os espaços públicos da universidade são ocupados.
Privatização dos espaços
Na ocasião, a FASUBRA denunciou a forma de privatização dos espaços nas instituições por meio de concessões para bancos, cantinas, correios, estacionamento, aluguel de teatro e espaços públicos da instituição. “Hoje o espaço da universidade é cada vez mais privatizado, de forma direta ou indireta”.
A coordenadora levantou a questão da necessidade de identificar o que são os espaços públicos e para quê e a quem servem. Também falou da ausência de espaço público para os estudantes, como exemplo, para realização de festas, “hoje é proibida a calourada, os estudantes fazem festas clandestinas e são punidos por isso”.
Segurança na universidade
A Federação acredita que a universidade deve ser referência na produção de conhecimento, sobre a forma de combate à violência e ao caos urbano. Segundo a coordenadora, atualmente a universidade copia medidas protetivas utilizadas por empresas privadas dentro do campus.
Como exemplo citou as cancelas nas entradas das instituições, gradeamento, muros, vigilância eletrônica, polícia civil e militar dentro do campus. “Ou seja, a universidade não está cumprindo com seu papel que é pensar alternativas para defender a universidade, superando o mito de que a universidade é uma ilha, porque hoje a universidade vive dentro do espaço urbano”.
Reforma Universitária
A coordenadora fez um resgte do ideal de universidade, concebido originalmente como cidade universitária. Após a Reforma Universitária instituída pela Lei 5.540/68, promovida pela ditadura militar, a visão de cidade universitária foi substituída pela de campi universitário.
“Antes o campus universitário era muito distante dos espaços urbanos, com o desenvolvimento passou a ser área física dentro da cidade, portanto, sujeita ao caos urbanos como a violência, congestionamento de trânsito e drogas”, afirmou Leia.
A Federação destacou a ausência de debates de forma acadêmica e científica sobre a causa da insegurança e o combate à violência dentro da instituição.
Ao final, a FASUBRA apresentou um desafio centrado em três aspectos. Abrir um espaço de discussão na universidade por meio dos conselhos superiores, identificar o conceito do que é espaço público e como são utilizados. “Será que estão sendo utilizados da forma correta”?
Questionar a administração das Universidades sobre as “medidas protetivas”, copiadas do setor privado e aplicadas nas instituições, isolando a instituição do meio urbano. “Esse isolamento não está contribuindo para o saneamento do processo de combate à violência e insegurança que existe nos meios urbanos e campus universitários”, afirmou a coordenadora.
Nova presidente da UNE
O 55º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) elegeu a nova presidente Mariana Dias, estudante de Pedagogia da UNEB (Universidade do Estado da Bahia). Candidata da chapa “Frente Brasil Popular: A unidade é a bandeira da esperança”, Marianna obteve 3.788 votos (79%) e assumirá a presidência da UNE pelos próximos dois anos.
Cinco chapas foram inscritas. Em segundo lugar veio a chapa “Fora Temer, rumo à greve geral contra as reformas” com 690 dos votos (14,33%). Em terceiro a chapa “Vem que a UNE é nossa” com 148 dos votos (3.09%). Em quarto a chapa “Fora Temer, eleições gerais já. Mutirão na UNE” com 85 dos votos (1,77%) e em quinto a chapa “Reconquistar a UNE: por nenhum direito a menos, fora temer, diretas já!”, com 84 dos votos (1,75%).
A nova presidenta reforçou a unidade entre as forças populares e do movimento estudantil para derrotar o governo de Michel Temer. “Só será possível transformar o Brasil que a gente vive se tivermos muita unidade. Eu tenho a convicção que com a força de sete milhões de universitários desse Brasil nós seremos vitoriosos”.
Rumo à greve geral
Foram aprovadas no sábado (17) três resoluções (conjuntura, movimento estudantil e educação), e 11 moções sobre diversos assuntos como, por exemplo, apoio e solidariedade a Rafael Braga, único condenado criminalmente na ocasião das Jornadas de Junho de 2013; a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS); a reivindicação de cotas raciais na Universidade de São Paulo (USP); e a construção da greve geral no próximo dia 30 de junho.
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