11 de Fevereiro de 2020 às 11:56

Ministro Paulo Guedes erra feio ao comparar servidores públicos a parasitas. O SISTA-MS repudia suas críticas

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O Ministro da Economia, Paulo Guedes, em uma palestra na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE), ao falar sobre a reforma administrativa do Estado brasileiro, equiparou os servidores públicos a parasitas, palavra que, no seu sentido pejorativo, significa “o indivíduo que vive à custa alheia por pura exploração ou preguiça”. Diversas frentes, em todo o país, manifestou repúdio às palavras do ministro. O SISTA-MS também repudia esse desrespeitoso conceito pessoal do ministro, pois os servidores públicos são sim grandes profissionais, cidadãos de bem deste país.

Esse tipo de fala do ministro em nada contribui para a construção de instituições fortes, com capacidade política e técnica para enfrentar os desafios de um país com mais de 200 milhões de habitantes, dentre os mais desiguais do mundo, com milhões de famílias vivendo em situação de extrema pobreza, altos índices de desemprego e violência.

Os servidores públicos fazem parte da solução. Toda organização, seja ela pública ou privada, tem processos que podem ser melhorados e resultados que podem ser mais efetivos e eficientes. Uma reforma administrativa que tivesse como premissa a melhoria dos serviços públicos seria bem-vinda e encontraria guarida entre os servidores públicos. A população brasileira e nós, servidores públicos, somos os maiores interessados em um Estado eficiente, comprometido com resultados e que entregue serviços públicos de qualidade à população.

Ao equiparar todos nós, servidores públicos, a parasitas que devem ser eliminados do organismo hospedeiro, o Ministro ataca cada um que decidiu dedicar sua vida ao serviço público e à implementação de políticas públicas que melhorem a vida das pessoas. É falta de respeito com quem ajuda a construir esse país e é, antes de qualquer coisa, injusto.

São servidores públicos que fazem o orçamento federal, que fazem as universidades públicas funcionarem e formarem os melhores profissionais, são os servidores públicos que tomam conta do caixa do governo no Tesouro Nacional, são servidores públicos que elaboram os projetos de lei, decretos, portarias e as justificativas técnicas para as ações que o governo pretende implementar, são servidores públicos que defendem os interesses da União perante o Poder Judiciário, são servidores públicos que mantêm o sistema financeiro nacional, que cobram os impostos que garantem a receita do Estado, que promovem as exportações do país, que defendem os interesses do Brasil em fóruns internacionais, que garantem que 50 milhões de crianças comam todos os dias nas escolas, que 14 milhões de famílias recebam o Programa Bolsa Família, que realizam eleições livres, base da democracia. Muitos de nós estamos aqui há cinco, dez, quinze, vinte, trinta anos ajudando a construir cada uma das instituições que têm conseguido manter um nível mínimo de estabilidade e segurança para que o país ofereça melhores oportunidades aos seus cidadãos. Repudiamos a fala e exigimos respeito.

REPERCUSSÃO - A declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que os servidores públicos são como "parasitas" do Orçamento, repercutiu mal entre parlamentares e atraiu críticas públicas até de políticos que apoiam o governo. A fala de Guedes foi feita nesta sexta-feira, 7, em palestra no Rio de Janeiro. O deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) foi ao Twitter dizer que ele e seu partido são "favoráveis à reforma administrativa, mas o ministro Paulo Guedes não pode chamar todos os servidores públicos de 'parasitas'".

Outro parlamentar apoiador das pautas do governo, o senador Major Olimpio (PSL-SP) disse que o ministro "quer matar a vaca para acabar com o carrapato" e ressaltou que "parasita é uma expressão ingrata e irresponsável para se referir àqueles que na ponta da linha prestam serviços para a população".

Já a oposição subiu o tom nas críticas a Guedes. Talíria Petrone (PSOL-RJ) perguntou a seus seguidores se seria adequado chamar o ministro de "verme". O ministro se desculpou mais tarde, mas o estrago já estava feito.
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