O SISTA/MS promove nesta quinta-feira (28) o
Seminário Sobre a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares),
a partir das 9h, na Telemedicina do HU de Campo Grande. O evento contará com a presença de lideranças nacionais com profundo conhecimento de causa, que estarão esclarecendo sobre as desvantagens da implantação desta empresas nos hospitais universitários.
Uma das lideranças presentes é Paulo Henrique dos Santos, da coordenação geral da Fasubra Sindical. Depois da UFMS, o seminário acontece na UFGD, na sexta-feira, dia 1 de março, às 13h30, no auditório do HU de Dourados.
Além de Paulo Henrique, está confirmada a presença também do ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Francisco Batista Junior, que vai representar a Frente Nacional contra a Privatização da Saúde.
ENTREVISTA
Em entrevista à assessoria de comunicação do sindicato, Paulo Henrique foi taxativo ao afirmar que a EBSERH é uma ameaça aos médicos e demais trabalhadores, bem como diminui a participação e influência da Universidade na sua atuação e, consequentemente, na formação acadêmica.
Pergunta - Qual o impacto da implantação da EBSERH sobre a carreira dos técnicos?
Resposta - Diretamente no PCCTAE não se tem alteração. A questão se dá em relação aos trabalhadores que estão no PCCTAE e que serão cedidos para a EBSERH que agora estarão sob as ordens da empresa e não da Universidade. A gestão do HU será feita pela EBSERH e, portanto, todas as normas serão elaboradas pela EBSERH segundo seus interesses e não quanto aos interesses da Universidade.
A mostra do que serão estas normas podemos encontrar nos editais de licitação para prestação de serviços e para contratação temporária de pessoal quais sejam:
· jornada de trabalho de até 44 horas semanais conforme CLT;
· as demais jornadas serão de 24, 30, 36, e 40 horas semanais com salários proporcionais;
Vale lembrar que a jornada do Medico será de 24 hs semanais visto que a LEI Nº 12.702, DE 7 DE AGOSTO DE 2012, em seu Art. 103 extingue a Lei 9436 de 1997 que garantia a jornada de 20 horas para médicos. (in verbis)
“Art. 103. Ficam revogados: A lei 12550 de 2011 que criou a EBSERH garante aos trabalhadores cedidos para a EBSERH a manutenção de seus direitos constantes do PCCTAE e na Universidade.
Nesta perspectiva os trabalhadores que estão no PCCTAE e cedidos para a EBSERH terão sua avaliação de desempenho feita pelos chefes da EBSERH, e o acesso aos programas de capacitação da Universidade também dependerá de autorização da EBSERH. Quanto a jornada de trabalho o RJU, em seu artigo 19, limita esta jornada em 40 horas semanais, respeitadas as legislações específicas, conforme exposto no paragrafo 2º deste mesmo artigo.
Assim, nas Universidades que conquistaram as 30 horas, os trabalhadores cedidos para a EBSERH estarão perdendo, pois trata de uma conquista política e não de um direito. Nestes casos, os trabalhadores poderão requerer redução da jornada de trabalho porem, à luz do artº. 5º da Medida Provisória 2.174-28, de 24/08/2001, terão obrigatoriamente redução salarial. (in verbis)
Medida Provisória 2.174-28, de 24/08/2001
“Art. 5o É facultado ao servidor da administração pública direta, autárquica e fundacional, ocupante exclusivamente de cargo de provimento efetivo, requerer a redução da jornada de trabalho de oito horas diárias e quarenta semanais para seis ou quatro horas diárias e trinta ou vinte horas semanais, respectivamente, com remuneração proporcional, calculada sobre a totalidade da remuneração.
P- Qual são os prejuízos da empresa para o ensino aprendizagem? É o fim da atribuição de hospital escola do HUs?
R- Na realidade não será o fim da atribuição de hospital escola que hoje tem os HU’s. Mas, com certeza, a nova ordem implica numa mudança de perfil destes hospitais. O ensino deixa de ser sua razão principal posto que a lógica é a da assistência, fundamentada na produção e cumprimento de metas. A realidade nova pode ser compreendida quando imaginamos um exemplo costumeiro de uma faculdade particular fazendo convenio com a Universidade para usar as dependências do HU pelos seus alunos. Da mesma maneira acontece com a universidade que agora terá apenas um espaço para que seus alunos possam usar as dependências do HU (como laboratórios) e tudo isto conforme os interesses da EBSERH, responsável em contrato, por gerir e produzir o máximo para cumprimento de metas.
P -E para a população em geral, usuária do SUS, a empresa vai trazer benefícios? Enumerar as perdas que a privatização irá proporcionar.
R - Os usuários continuarão a ser atendidos pelo SUS nestas unidades e, portanto, o impacto virá no longo prazo. Isto vai acontecer porque a empresa vai limitar a atuação da academia no HU e, consequentemente, o comprometimento da qualidade da formação do profissional aparecerá no futuro.
Precisamos atentar para a campanha feita pela EBSERH de que os HU’s estarão formando profissionais para o SUS. Uma enganação, pois o que define o perfil do profissional é somente o conteúdo programático dos cursos e não o modelo de gestão das unidades.
O que os trabalhadores e a sociedade devem fazer para barrar esta ameaça?
R-Devemos ampliar o processo de denuncia e dialogar com a população quanto ao disparate que representa esta proposta de implantação da EBSERH. Nosso movimento deve ser intenso pois o governo já deixou claro que a universidade que não aderir não terá contratação de novos profissionais.