Servidores em educação da UFMS e Institutos federais de ensino de Mato Grosso do Sul paralisam suas atividades nesta sexta-feira (22), Dia Nacional de Mobilização Contra a Reforma da Previdência e participam também do “enterro da Previdência Social” em praça pública, em Campo Grande. A decisão foi tomada em assembleia geral do sindicato da categoria, o SISTA-MS, informa Waldevino Basílio, coordenador geral da entidade. “Vamos engrossar a luta com inúmeras entidades de classe do Estado e do país, pois não podemos permitir que essa famigerada reforma passe provocando tantos prejuízos para os trabalhadores brasileiros”, afirma.
O Sista-MS fará primeiramente uma concentração às 7h30 em sua sede no campus da UFMS (Rua Portuguesa 331, Vila Albuquerque) reunindo servidores, sindicalizados ou não, da universidade e do Hospital Universitário, e em seguida vai para a grande concentração das entidades, na Praça do Rádio, em Campo Grande, a partir das 8h.
Nesse local serão reunidas todas as forças de sindicatos, federações, centrais sindicais e outros organismos que representam os trabalhadores. Depois de exercerem o direito de livre manifestação contra as ameaças que vêm do novo governo, os participantes seguem em caminhada pelas principais vias públicas da área central de Campo Grande, informa Cleo Gomes, coordenadora do Sista-MS, que também está na organização do evento geral.
MAIS POBREZA – O Sista-MS entende que a nova Previdência dificulta acesso e pode aumentar pobreza.
- Muitos não conseguirão completar contribuição mínima de 20 anos, dizem analistas.
- Novo cálculo de benefício deve puxar média de valores para baixo.
- Aposentadoria rural mais dura pode inviabilizar benefício.
- Pensões para viúvos e órfãos poderão ser menores do que salário mínimo.
- A reforma da Previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro pode apertar demais os direitos sociais e acabar gerando problemas maiores, com aumento de pobreza no médio e longo prazo. O estabelecimento de um tempo mínimo de contribuição de 20 anos, o endurecimento na concessão das aposentadorias rurais e as reduções nos valores de pensões e auxílios estão entre as principais críticas. No geral, são regras que dificultam o acesso e resultam em pagamentos menores do que os recebidos hoje.
MULHERES - As mulheres serão mais prejudicadas que os homens caso as mudanças previstas na reforma da Previdência sejam aprovadas, segundo análise do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos). Uma das principais alterações que exigiriam mais sacrifício das mulheres seria a idade mínima. A reforma prevê que ela subirá de 60 para 62 anos (trabalhadoras urbanas) e de 55 para 60 anos (trabalhadoras rurais). Para os homens, serão mantidas as idades mínimas atuais: 65 anos (urbano) e 60 (rural).
PENSÕES - Outro ponto que afeta mais as mulheres, de acordo com o Dieese, é a mudança nas regras sobre pensões. A reforma vai diminuir os valores e dificultar o acesso às pensões por morte, além de restringir o acúmulo de benefícios. Ela também prevê endurecer as regras do BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos de baixa renda.
ROMBO INEXISTE - Uma das maiores mentiras contadas sobre a Previdência Social é que ela seria deficitária. Esse é o principal argumento utilizado para as reformas propostas, no entanto, não fosse a propaganda, as estratégias de marketing utilizadas para convencer os cidadãos de que o ‘sistema está falido’, facilmente qualquer proposta que tivesse como base o falso rombo da previdência seria duramente rejeitado pela população.
Tirando a CPI da Previdência Social, levada a cabo pelo Senado Federal, dificilmente se passa um pente fino nos recursos que o sistema tem. Do mesmo modo, não se fala muito do impacto das dívidas das grandes empresas, incluindo os bancos, sobre a previdência.
Enquanto o trabalhador paga, e muito, para poder se aposentar, o Estado usa esse recurso sem repô-lo e ainda perdoa dívida dos sonegadores, facilita a vida de quem tem muito, com empréstimos a fundo perdido, com redução de juros para dívidas, com perdão de dívidas.
PREVIDÊNCIA PRIVADA - O motivo pelo qual o ‘Mercado’ pressiona para que se faça uma reforma da Previdência Social é apropriar-se dos recursos que arrecada. Os bancos em particular têm interesse estratégico, pois são sócios de fundos de previdência privada que visam, antes de tudo, reter recursos para investimento que nunca chegam ao bolso do trabalhador, mas enriquece os correntistas.
A coordenação geral do SISTA-MS convoca a população em geral para participar das manifestações públicas nesta sexta-feira, dia 22 a partir das 8 da manhã em praça pública, para demonstrar a revolva e a indignação de todos contra essa reforma desnecessária e prejudicial aos trabalhadores brasileiros.