Preocupado com o risco de vida que correm servidores do Hospital Universitário de Mato Grosso do Sul, inclusive os terceirizados, em relação a possível contaminação com o vírus COVID-19, o SISTA-MS (Sind. dos Trab. em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Institutos Federais de Ensino de MS) particip0u na manhã desta segunda-feira (23) de reunião com a superintendência da instituição de saúde, quando solicitou a imediata dispensa daqueles que estão enquadrados no grupo de risco. Ou seja, que são mais susceptíveis a contrair o vírus. Além disso, questionou a quantidade de EPIs e solicitou que haja garantias que não falte aos servidores.
A enfermeira Cléo Gomes, coordenadora geral do SISTA-MS representou a entidade nesse encontro com o superintendente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian – HUMAP, professor Cláudio César da Silva e outros membros de entidades e da direção do hospital.
A reunião durou quase duas horas, porém, o resultado não saiu plenamente favorável aos trabalhadores, especialmente aqueles portadores de doenças crônicas como o diabetes, hipertensão e outras, enquadradas pelas autoridades em saúde como “grupo de risco” de contrair a doença. Elas não serão dispensadas de imediato como deveriam, informa Cléo Gomes.
A superintendência alega estar aguardando a contratação de trabalhadores para poder afastar os servidores do serviço de apoio (Ex.: nutrição). Porém, não soube informar em quanto dias isso ocorrerá. Contudo, houve o compromisso de afastar os servidores do grupo de que estiverem em setores reservados para os casos de Covid-19. Tais como: CTI adulto, Centro Cirúrgico e Enfermaria de Doenças Infecto Parasitárias (DIP).
Cléo Gomes, considera que o hospital já deveria ter tomado as devidas providências há mais tempo para liberar esses e outros servidores. Até porque, a saúde e vida deles estão em jogo. Há informações de muitos profissionais de saúde doentes e até mesmo óbitos por conta do Covid-19 nos países que estão enfrentando a epidemia. Não sabemos quanto tempo esse pesadelo irá durar. Uma coisa é certa, medidas devem ser tomadas para a preservar a integridade física, emocional e mental dos profissionais de saúde e todo serviço de apoio do hospital.
O SISTA-MS tem recebido denúncias de que setores do hospital, administrativo inclusive, estariam funcionando sem critérios de revezamento ou dos cuidados necessários para evitar a aglomeração, que, por sua vez, pode resultar em contágio com o COVID-19. Muitos trabalhadores poderiam ser dispensados e cumprirem escala de trabalho em casa (teletrabalho), por exemplo.
“Outro grupo que muito nos preocupa são os terceirizados, principalmente do serviço de limpeza, muitos estão dentro do grupo de risco”, afirma Cléo Gomes. Outro complicador, segundo ela, é o fato do transporte coletivo ter sido suspenso e muitos não ter condições de chegar ao local de trabalho. As escolas e creches foram fechadas e muitos não têm com quem deixar seus filhos. Uma das recomendações é que essas crianças não sejam deixadas com idosos (avós). “Solicitamos que esses trabalhadores recebam uma atenção especial por parte da superintendência do Hospital e que seus salários não sejam descontados caso se ausentem por esses motivos”, informou Cléo.
“Não vamos desistir. Vamos continuar insistindo na liberação dos servidores, especialmente aqueles do grupo de risco”, afirmou Cléo Gomes que não descartou a possibilidade do sindicato acionar sua Assessoria Jurídica para entrar com ação na justiça para garantir a proteção desses servidores. A coordenadora explicou também que muitos servidores da UFMS, que trabalham no hospital, têm uma média de idade em torno dos 50 anos e muitos são portadores de alguma doença crônica. Essa estatística torna ainda mais delicado o assunto diante do coronavírus, que atinge mais a faixa etária dos idosos.